Prédio ameaça tapar parte da torre medieval (Braga, Portugal)

1/1/09 .- http://jn.sapo.pt

Responsáveis do Centro Internacional de Estudos Lusófonos defendem a paragem da obra particular

O Centro Internacional de Estudos Lusófonos reúne pessoas que reclamam pela paragem das obras de um prédio particular que ameaça "tapar" a torre medieval, junto à Porta Nova, em pleno centro histórico de Braga.

Está criado um movimento de defesa da torre medieval, situada na Rua dos Biscainhos, junto ao Arco da Porta Nova, na freguesia da Sé, em Braga. A reconstrução de um prédio particular ameaça "tapar" toda a estrutura daquela torre, chamando, assim, à colação a preservação e salvaguarda do património bracarense.

À frente deste movimento está o Centro Internacional de Estudos Lusófonos (CIEL) que vai requerer - ainda esta semana - a intervenção do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), com o objectivo de "travar" o andamento das obras.

Luís Fontela, presidente do CIEL, a residir em Braga, questiona as entidades responsáveis pela defesa do património de Braga, insurgindo-se contra a reconstrução de um prédio que, ainda recentemente, se encontrava em ruínas. "Perde-se, aqui, uma oportunidade de deixar uma das paredes da torre medieval aberta e exposta o público", disse.

Por outro lado, aquele investigador - que também se dedica à defesa do património monumental - questiona a volumetria do edifício em reconstrução, uma vez tratar-se de uma área de condicionamento arquitectónico e arqueológico.

De resto, o alvará da empresa construtora não identifica o número de pisos, mas o certo é que pelos trabalhos já executados, assim constatou o JN,o edifício tem já estruturas para suportar mais um piso que o prédio antigo.

Os serviços municipais enjeitam qualquer tipo de ilegalidade na obra particular, tanto mais que, antes do seu início de obras, foi objecto de trabalhos arqueológicos orientados pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, que acabaram por não identificar qualquer achado da época romana.

Nuno Alpoim, vice-presidente da Câmara de Braga, chama a atenção para o facto da obra "estar aprovada" pelo IGESPAR. "Por ser uma zona classificada e de construção condicionada, nada é aprovado ao acaso. Nesta intervenção, tudo foi ponderado e sempre respeitando o património edificado", disse.

Seja como for, o presidente da CIEL manifesta-se ainda preocupado com a salvaguarda dos vestígios identificados junto à torre medieval, que se encontra implantada na mesma linha da antiga muralha romana. E juntamente com outros membros do CIEL preconizam que o espaço do prédio em construção seja "aberto ao público" para melhor visibilidade daquele património secular.

António Soares, presidente da Junta da Sé, alinha pelo mesmo diapasão, no que concerne à opção por deixar aquele espaço sem construção, mas, ao mesmo tempo, lembra tratar-se de uma área particular, onde já existia um prédio em ruína. "Não é fácil conciliar todos estes interesses, particulares e públicos", observou.

Nuno Alpoim lembrou que a torre medieval foi objecto, há poucos anos, de um projecto de recuperação, cuja entrada é feita pelo Museu da Imagem. Na oportunidade, disse ser "um disparate" alimentar a ideia de dar visibilidade à muralha fernandina com recurso à demolição do casario. O que considerou "insustentável", além de incomportável, financeiramente, a revitalização de um projecto patrimonial desta natureza.

Noticias relacionadas

Comenta la noticia desde Facebook

Comentarios

No hay comentarios.